quinta-feira, agosto 12, 2004

Empregos...

A turma que não é chegada a trabalhar em escritório tem encontrado ótimas oportunidades nas ofertas de empregos de verão na Inglaterra...

Centurião romano: Precisa ser meio gorducho e envergar fantasia compatível.

Operador de maquinário de praia: Fica o dia inteiro vigiando equipamentos de ginástica de praia para que ninguém os roube.

Piloto de riquixá: Para aquelas charretes para duas ou três pessoas, com grandes rodas de bicicleta, puxadas por humanos.

Professor de malabarismo: Auto-explicativa.

Assustador de pássaros: Versão humana do espantalho tradicional.

Sexador de aves: Para facilitar o intercurso sexual entre galos e galinhas e outras espécies bípedes emplumadas.


Maiores detalhes aqui.

[Nota vergonhosa e descaradamente chupada do c.a.t.alisando.]

Haja Estilo!

Stilo, da Fiat, ganha kit Bluetooth para celular.

Quando o telefone toca, o rádio fica mudo, o microfone no retrovisor fica ativo. você fala e o som sai nas caixinhas de som do carro. Como escreveu a Rosana Hermann, assim que meu carro virar oficialmente meu escritório vou pedir um banheiro exclusivo no porta malas.

Controle das TVs

Gil propõe retirar artigo sobre controle de TVs de seu projeto.

Sou fã do artista e agora do ministro. Mas o que mais me assusta é ver muita gente achando que pôr a boca no trombone não é uma boa. Eu, hein! Mesmo sem censor, muita gente se auto-censura e acredita, pra valer, que opinar, reclamar, não é bom (nem chique). A maldita ditatura acabou conseguindo o que queria

segunda-feira, outubro 27, 2003

Aluno moderno...

Clique para ver a brilhante solução do garoto.Cena num colégio nos EUA. O moleque fica jogando gaivota de papel em aula e a professora dá o flagra. Cruel, ela manda o pestinha escrever no quadro-negro 500 vezes: "I will not throw paper airplanes in class". Ele não se aperta e manda brasa. Só que em apenas dois minutos entrega o giz de volta à mestra dizendo algo como "OK, Mam". Clique no desenho e veja a solução do guri.

(Agradecimento ao amigo Bernardino Campos)


[Nota vergonhosa e descaradamente chupada do c.a.t.alisando.]






Gabinetes

Não tenho muita paciência para casemod, a moda-hobby-mania de modificar e modelar gabinetes de micros... Mas, desta vez, achei uma interessante. Confira aqui.

As mulheres e a informática

É um absurdo o que estão dizendo sobre as mulheres com relação à informática. Segundo esses celerados, recentes estudos revelam que, salvaguardadas honrosas e raras exceções, mulheres não se dão lá muito bem com coisas de informática. Chega-se ao cúmulo de afirmar que quanto mais linda for a mulher, menos hábil será ela com bits e bytes. Eles ainda têm a cara-de-pau de divulgar a foto à esquerda, sobre a qual basta clicar para ampliar, mostrando esta bela semideusa e uma amiga loira grega, igualmente deslumbrante, em pleno uso de recursos digitais bastante corriqueiros. É uma baixaria esta sórdida campanha de difamação, francamente. Discordo com veemência!


[Nota vergonhosa e descaradamente chupada do c.a.t.alisando.]









segunda-feira, outubro 06, 2003

A "Pipoca", "A pipoca" e os Rubens

Há uns dias, publiquei (é só procurar mais ali pra baixo) um texto chamado "Pipoca" do Rubem Braga. Choveram reclamações: "A pipoca" seria do Rubem Alves...

Apresso-me a esclarecer a confusão dos Rubens: "Pipoca" é realmente texto do Braga, já "A pipoca", é do Alves.

A Pipoca

Rubem Alves

A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.

Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.

Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo ­ porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.

As comidas, para mim, são entidades oníricas.

Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.

A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.

A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.

Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.

Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...

A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.

Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.

Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.

Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!

E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa ­ voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão ­ sofrimentos cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! ­ e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.

"Morre e transforma-te!" ­ dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.

Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.

Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á".A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...

"Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".


Publicado originalmente no Correio Popular de Campinas e, posteriormente no livro O amor que acende a lua).

Mais Rubem Alves na Casa do Rubem Alves... Vale o clique.

sábado, outubro 04, 2003

A cabra, a capivara e algumas antas

Córa Rónai

Um dia, vinha eu calmamente andando pela Visconde de Pirajá quando, na esquina da Aníbal de Mendonça, vi uma cabra em cima de um muro. Isso foi há muito tempo. Tanto, tanto, que a gente podia andar calmamente pela Visconde de Pirajá. Ali, onde hoje há um hotel, uma casa com jardim e quintal vivia seus últimos dias. Vocês aí nem eram nascidos. Nós achávamos Brizola o pior governador de todos os tempos, sem saber o que o destino nos reservava. Ainda assim, posso garantir que uma cabra em cima do muro não era um acontecimento rotineiro em Ipanema.

Ela era branquinha e amistosa, e tentava alcançar as folhas de uma árvore, equilibrando-se no muro com a facilidade e a elegância da espécie. Fiquei maravilhada com o espetáculo, e feliz em estar tão bem posicionada para assistir. Não tinha dúvida de que, em breve, haveria um aglomerado no local.

Pois sim! Durante todo o tempo da refeição, que durou uns 20 minutos, fui a única a achar que cabra em cima de muro, numa das esquinas mais movimentadas de Ipanema, merecia atenção. A multidão ia e vinha como sempre, carregando sacolas e acenando para ônibus e táxis. Ninguém parou, ninguém manifestou espanto, ninguém sequer notou a cabra. Senti uma vontade louca de parar as pessoas, de sacudi-las:

— Vejam, há uma cabra em cima do muro! Em plena Visconde de Pirajá! Uma cabra! De verdade!

Como sou tímida, fiquei só na vontade. Quando a bichinha acabou de comer e sumiu por trás do muro, fui embora, encantada com o animal e perplexa com os meus semelhantes, que não tinham percebido o insólito da cena. Até hoje guardo a lembrança dessa cabra carioca como uma das coisas bonitas que me foi dado ver.

* * *


Pois domingo passado, caminhando pela Lagoa, encontrei finalmente a capivara. Quando começaram a falar nela, achei que era personagem de mais uma lenda urbana, prima distante do monstro do Lago Ness. Logo, porém, fotos e testemunhos me fizeram mudar de idéia. Passei a levar a máquina fotográfica nas caminhadas, de olho no manguezal.

Os dias se passaram e acabei deixando a capivara pra lá. E no domingo, como já era tarde, deixei pra lá também a câmera. Não deu outra! À altura do Hospital da Lagoa, noite caindo, lá estava ela, gorda, lustrosa, refocilando na lama em toda a sua glória. Um rapaz que vinha de bicicleta parou ao meu lado, igualmente encantado. Conversamos um pouco.

— Deviam levar para o zoológico. Aqui não vai durar nada, daqui a pouco alguém mata para comer.

Concordei, em princípio, embora tenha dúvidas em relação à idéia do zoológico: animal solto é outra coisa. Enquanto isso, várias pessoas passavam batidas pela capivara, exatamente como, tantos anos antes, passavam pela cabra. Diálogo de duas moças:

— Não é cachorro, não, deve ser aquele bicho que falaram, como é o nome?

— Paca, né não?

— É, uma coisa assim...

Quer dizer: nem sabendo que ali havia um bicho diferente pararam! O rapaz da bicicleta e eu nos entreolhamos, diante de tal falta de interesse. Depois nos despedimos, e desci devagarinho para a beira d'água, para ver a capivara mais de perto. Ela não se incomodou com a minha presença. Olhou para mim brevemente, e voltou à sua magnífica imundície.

Rolava no chão contente, esfregando as costas. Parou um pouco, bebeu água, comeu mato e voltou à lambança. É um bicho grande. Deve ter quase um metro, uma cara muito engraçada. Como todos nós, gosta de se divertir: dava botes nos martins-pescadores, que fugiam alarmados, aos gritos, a cada movimento dela. Mas não tinham por que se preocupar, os bobos. As capivaras, maiores roedores do mundo, são herbívoras.

Quando minha nova amiga — já a considero assim — mergulhou para nadar até o outro lado da saída de esgoto, voltei para a calçada, onde um segundo rapaz, também de bicicleta, estava parado observando.

— É a capivara, é?

Ele ouvia falar nela há tempos, e nunca a havia encontrado.

— Maravilhoso ver a natureza assim!

Esse era dos meus! Animados, conversamos sobre a vida na Lagoa, sobre os biguás e as garças e tudo o mais em volta.

— Coitada dessa capivara. Deve estar muito solitária. Deviam botar outras aí. Já pensou, um monte de capivaras, como as cotias do Campo de Santana?

Gostei da idéia: uma colônia de capivaras na Lagoa! Há provavelmente mil contra-indicações ecológicas, e até morais e religiosas, mas que seria formidável encontrar capivaras todos os dias, lá isso seria.

— Poderia virar uma grande atração turística, imagine quantas pessoas viriam para cá para ver as capivaras.

Será que viriam? Será que veriam?

Nisso, a capivara mergulhou e sumiu por um tempo. Quando a vi novamente, ia lá na frente, pronta para chatear mais um grupo de pássaros. O rapaz subiu na bicicleta e ficou olhando. Eu continuei a caminhada, e completei a volta da Lagoa em 2h45m. De noite, ouvi no “Fantástico” que um corredor do Quênia chamado Paul Tergat fez a maratona em 2h04m55s. Esse cara não olha capivara.

(O Globo, Segundo Caderno, 2.10.2003)

A capivara em pessoa!

Fotos maravilhosas do Felipe Süssekind, fotógrafo que, junto com um amigo, está produzindo um vídeo sobre a capivara da Lagoa, pacientemente filmada por eles.

Os dois já entrevistaram pescadores e vendedores de coco, o bombeiro que tentou capturá-la e biólogos do Riozoo.

Dentro de algumas semanas o trabalho fica pronto. Não vai ser o máximo? Um vídeo estrelado pela capivara!!!!

[Nota e fotos vergonhosa e descaradamente chupados do internETC, o blog da Cora Rónai.]

Tempo Feio...

...já é brabeira em si. Tempo feio no mar, brabeira brabeiríssima... agora, imagine um furacão como o Isabel que está comendo solto lá na costa leste dos Estados Unidos. Mesmo tendo perdido sua potência inicial e sido reclassificado como "tempestade tropical", só para se ter uma idéia, este navio, por exemplo, se encaminha para uma encrenca séria. É só uma "tempestade tropical", está longe de ser um furacão, mas impõe respeito. Clique na foto e veja.

Cortesia de Elisa Dias

[Nota vergonhosa e descaradamente chupada do c.a.t.alisando.]

Ganesha e o celular

A comunidade hindu em Penang na Malásia está irada pela venda de estátuas de ídolos importadas da Índia, representando a divindade Ganesha usando turbante e sapatos e segurando um celular junto a seu ouvido direito. Pra quem não sabe, Ganesha é aquele deus hindu que tem cabeça de elefante.

As autoridades locais já ordenaram a retirada imediata da mercadoria dos pontos de exposição. O governo da Malásia está sofrendo pressões para proibir a importação, distribuição e venda dessas estátuas. Segundo as leis da Malásia, é uma ofensa criminosa exercer qualquer atividade que possa gerar ruptura na precária harmonia religiosa que existe por lá. Já ocorreu fenômeno semelhante no mesmo país e com a mesma divindade: Ganesha foi representado usando casaco, chapéu e sapatos.

[Nota vergonhosa e descaradamente chupada do c.a.t.alisando.]

Pipoca

Rubem Braga


do Livro de receitas da vida

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.

O milho somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice, uma dureza assombrosas. Só elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.

O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos - dor. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, um filho, um amigo ou o emprego. Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, doenças e sofrimentos cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio, uma maneira de apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pipoca dentro da panela, ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não consegue imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.

Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece completamente diferente, como nunca havia sonhado.

Piruá é o milho que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura.

O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém.

Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás
que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

E você, o que é? Uma pipoca estourada ou um piruá?

quarta-feira, setembro 17, 2003

Um belo poema...

Paráfrase ao Salmo 126 de David


© Dalva Agne Lynch

Quando de volta do exílio
meu Senhor me for buscar
- a mim, Tzíon, filha de David
da linhagem de Abraão -
ficarei como quem sonha!
Minha boca se encherá de risos
minha língua entoará cantigas.
E vendo-me, todos dirão:
Apesar de tudo
do teu cativeiro
do seu aparente desprezo
teu Senhor não te abandonou.
Ele te trouxe de volta
ainda que sejas agora um deserto
e tuas cidades
estejam de todo desoladas.
Ainda assim, veja:
teu Senhor fez tanto por ti!
Sim...
Tanto fez meu Senhor por mim
cercando-me com os montes
de sua Proteção
ainda que olho algum o visse...
Dando-me a Palavra
de sua verdade
ainda que apenas meus ouvidos
ouvissem...
Por isto estou feliz!
Sim, meu Senhor!
Traga-me de volta do cativeiro
do exílio em que me lançaste
porque árida foi a minha terra
recusando tua semeadura...
Mas como correntes de águas
cruzando o Neguev
assim tuas lágrimas regaram
o deserto que sou
e com alegria voltarei
trazendo-te os feixes.
Meu Senhor,
com esforço semeaste
a terra que sou
sem teres recebido a colheita.
Mas quem segue chorando
sob o fardo
a responsabilidade
de portar a Divina semente
com alegria sem dúvida voltará.
Porque jamais é a semente
plantada em vão.
Assim, meu Senhor
a Palavra plantada na terra infértil
que ainda sou
pela tua fidelidade
tuas lágrimas
tua proteção
florescerão e produzirão fruto.
E para ti apenas
Ad'nai
meu Senhor.

segunda-feira, setembro 15, 2003

Mala sem alça é isso...

Achados e perdidos.

Em 1979, um alemão perdeu sua mala com algumas peças de roupa quando saía de viagem rumo ao Senegal. Registrou o desaparecimento da mala na polícia e esqueceu o caso. Agora, 24 anos depois do sumiço, a mala marrom apareceu em frente a um posto policial na cidade Dusseldorf.

O dono, identificado como um ex-barbeiro, atualmente com 61 anos, ficou surpreso e achou engraçado terem encontrado a maleta depois de tanto tempo. Mesmo com as roupas em bom estado, ele não queria aceitar a mala de volta, achando que o estilo "disco" não lhe cairia bem como antes! Só depois de sua esposa insistir bastante foi que ele aceitou.

Só há um mistério: até agora ninguém imagina onde ficou e como ficou a mala durante todos esses anos.

domingo, setembro 14, 2003

Em respeito às vítimas do 11 de setembro...

... esse texto sobre o assunto só foi publicado dois anos e um dia depois dos atentados em Nova York e Washington, na Revista FRAUDE.

Esqueci...

... daquele lance de libertar um livro no dia 11 de setembro, porque estava em casa lendo um livro. Proponho criar um dia do ano para as pessoas lerem um livro. Um livro inteiro. Será que alguém ia aderir?

Astronomia e buracos negros...

Estava lendo sobre astronomia no UOL/Inovação.

O Instituto de Astronomia de Cambridge descobriu que os buracos negros cantam! Oras, isso eu já sabia há muito tempo. E jamais gostei, digamos assim, do timbre. Nem da afinação.

Vale a visita


Alumínio não enferruja...


O que vocês acham de produzir uma placa com um anúncio assim: metal completamente em branco? Pois é, foi exatamente isso que a filial alemã da agência Saatchi&Saatchi fez.



Porém, no tempo úmido da primavera da Dinamarca (onde a placa foi instalada), o metal não durou muito tempo. Em apenas uma semana a ferrugem começou a revelar o anúncio.


No final de um mês, toda a placa já tinha sido atacada pela ferrugem e o anúncio ficou então totalmente visível. A imagem do carro e o título: All Aluminium Audi A2 [Audi A2: todo em alumínio].

Simples, mas fantástico. A peça foi premiada com o Leão de Ouro no Festival de Cannes 2003 e com o Lápis de Ouro no One Show 2003.

Quem mandou foi também o Sérgio Milani

A melhor foto do verão foi tirada no... inverno



Quem mandou foi o Sérgio Milani, mas não sei se a autoria é dele

Bibelôs, adornos & cia...



As fotos são do Kinzão

Devaneio de serralheiro...

Notável, no mínimo brilhante. Imaginem a trabalheira deste serralheiro californiano para produzir essa peça única, o KVG301.

Numa cortesia da legendária Fernanda Puff, clique em cada uma das cinco espirais metálicas do adorno acima e testemunhe esta fulgurante e surpreendente conquista artística.


[Nota vergonhosa e descaradamente chupada do c.a.t.alisando.]